Brasileiro que teve casa invadida 4 vezes em Portugal deixa imóvel e diz sofrer xenofobia

Sistema de vigilância flagra pessoas na casa do advogado Anselmo Costa | Arquivo pessoal/Anselmo Costa

Um advogado brasileiro chamado de Anselmo Costa, contou para o blog Portugal Giro, do O Globo, que teve sua casa em Viseu, centro de Portugal, invadida quatro vezes. Com medo, deixou o imóvel e se diz vítima de golpe e xenofobia.

Segundo o brasileiro, a última invasão aconteceu um dia antes da véspera do Natal de 2021. Como o advogado afirma que vive parte do ano no Brasil, desconfia que sabiam que a casa estaria vazia.

Em um boletim de ocorrência policial ele alegou que o alarme tocou e câmeras de segurança captaram imagens em tempo real em duas ocasiões.

— Nas duas primeiras, não tínhamos sistema de vigilância. Na terceira, a câmera filmou o invasor com uma faca na mão, justamente após termos falado para a proprietária que tínhamos dinheiro conosco. Roubaram armários de quarto, geladeira, sofá e microondas. — disse.

Após identificar os suspeitos na quarta invasão, o advogado afirma que caiu em um golpe. Ele declarou na ocorrência que comprou a casa há cerca de dois anos “por meio de uma escritura de promessa de compra e venda”. E disse à polícia que os identificados seriam pessoas ligadas à proprietária:

— Temos uma escritura de promessa de compra e venda, tínhamos a posse (…) pagamos € 30 mil direto para a vendedora e mais € 50 mil de obras e remodelação — disse o advogado, antes de enviar recibos de transferência bancária e revelar:

— Na quarta invasão, foram todos os que tratavam da casa conosco a abrir e trocar as fechaduras sem ordem judicial. Dentro do imóvel, ficaram armários, camas de casal e solteiro, roupas, câmera fotográfica, fogão embutido, armários de cozinha, mesas de cozinha, de escritório e quadros, fotos, brinquedos das minhas filhas e bicicletas. (…) Um golpe baseado na nossa fragilidade por sermos imigrantes brasileiros.

Ele conta que deixou a casa, com medo, e passou a viver em Lisboa.

— Depois que arrombaram e trocaram as chaves, me senti ameaçado por eles e não voltei mais. Mesmo com todas as denúncias, perdi a casa. O sentimento é o de derrota. Ficaram até então com tudo nosso que estava dentro do imóvel justamente por sermos brasileiros. Soube que já venderam a casa para uma pessoa que estava querendo comprar de nós. Ou seja, arrombaram e ainda receberam duas vezes — disse o advogado.

Inscrito na Ordem de Portugal, o advogado alega que a ocorrência foi tratada com descaso.

— Já na chegada à delegacia, fomos atendidos por um agente que fez pouco caso, disse que não tinha como fazer a ocorrência e eu, como advogado português, não poderia ter acesso às ocorrências em curso, que Portugal era diferente do Brasil… Quando questionei se outras casas foram invadidas e roubadas na região, a resposta foi que não. Muitas casas na região estão fechadas porque os donos portugueses vivem fora do país. A verdade é que ainda não há punição real nesses casos e nada acontece em favor dos brasileiros — disse Costa.

Costa informou que levou o caso à Justiça, onde foi ouvido em videoconferência.

— Ingressamos com um pedido liminar na Justiça de Viseu para retomar a posse. Na audiência que fiz por videoconferência com a juíza portuguesa, ela, com muita ignorância, abriu a audiência com perguntas ríspidas, concentradas no fato de eu viver em Portugal. Não fez nenhuma pergunta sobre a invasão. E muito viés negativo sobre brasileiros — concluiu.

Mesmo com pouca esperança de recuperar o dinheiro e o imóvel, o advogado diz que vai recorrer.

— Como não tivemos êxito na primeira ação, vamos tentar transformar a queixa em ação criminal e outra ação civil de enriquecimento ilícito. Mas sabemos que, como somos brasileiros, não seremos vistos com bons olhos — contou Costa.

Na ocorrência policial, Costa afirmou que uma das pessoas identificadas teria dito que entrou no imóvel seguindo orientação do seu advogado.

 

Previous post Universidade de Portugal decide demitir professor que chamou alunas brasileiras de mercadoria
Next post Operador Indiferenciado para oficina em Alvaiázere ( M/F) – Castelo Branco

Não é possível copiar o conteúdo desta página