Quais cidades e quais áreas há vagas disponíveis em Portugal; confira

Os setores do turismo e da construção civil pressionaram o governo para pôr em prática o novo visto para procura de trabalho. Juntos, têm um déficit de 130 mil trabalhadores e são os mais carentes de mão de obra em Portugal. Mas o blog Portugal Giro mostra que existe uma lacuna de milhares de vagas em diversos segmentos da economia.

O turismo virou o ano com déficit de 85 mil trabalhadores e terminou o verão europeu precisando de aproximadamente 50 mil. É uma estimativa que a secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Rita Marques, informou à agência Lusa em agosto.

Antes, o presidente da Associação de Turismo do Algarve, João Fernandes, disse ao blog que apenas na região praiana eram necessários três mil trabalhadores e fez um apelo aos brasileiros.

O turismo engloba os restaurantes e cafés, gerou € 18 bilhões de receitas em 2019 e contribuiu com 11,8% do Produto Interno Bruto (PIB) naquele ano, o último antes da pandemia de Covid-19.

Desde o fim de 2021, as declarações do presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas, Manuel Reis Campos, seguem o mesmo roteiro: o setor precisa de até 80 mil trabalhadores para cumprir sem drama o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o bilionário programa da União Europeia para o resgate econômico pós-pandemia. Ao todo, Portugal receberá € 16,6 bilhões. No entanto, é preciso ter cuidado com as promessas de emprego neste setor.

E os engenheiros podem se beneficiar da facilidade para trabalhar devido ao acordo do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) com Ordem de Engenheiros de Portugal. Advogados também têm acordo entre as Ordens. Mas médicos e dentistas têm encontrado barreiras.

Mas e onde mais há trabalho? A Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins (Apima) informou recentemente que o setor precisará de cinco mil trabalhadores nos próximos cinco anos.

Com informações da especialista em recolocação de brasileiros em Portugal, Cláudia Pinheiro, o Portugal Giro mapeou onde estão algumas das lacunas neste momento de retomada econômica:

— As áreas de Tecnologia da Informação (TI), de diversos técnicos especializados e telemarketing. Também há inúmeras vagas para a área de produção industrial.

A pandemia expôs a crise de mão de obra digital em Portugal. É um setor que exige um trabalhador qualificado de TI e estima a falta de cerca de até 20 mil pessoas. As universidades portuguesas mandam para o mercado 10% da demanda anualmente. São dois mil recém-formados que não chegam para ocupar o hiato. E muitos sequer ficam no país.

Somente para fazer a transição digital da economia que está prevista no plano de socorro, Portugal receberá € 2,9 bilhões da União Europeia. Empresas portuguesas e brasileiras instaladas no país recrutam estes profissionais de TI ainda no Brasil e o novo visto poderá ser um facilitador.

Mas para ser mais específica em relação às vagas no geral, Pinheiro, profissional bastante requisitada no Linkedin por profissionais em fase de emigração, explica:

— O Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) tem atualmente 5.126 vagas abertas para técnicos de várias especialidades (eletricistas, mecânicos, eletromecânicos, instaladores de máquinas), cozinheiros, profissionais para serviços de limpeza, vagas na hotelaria, vagas administrativas, vendedores e outros cargos. Importante atentar às exigências de perfil em termos de experiência e habilitações.

Pinheiro realizou um levantamento na rede social voltada para o mercado de trabalho e concluiu que foram publicadas 22.405 vagas em Portugal nos últimos 30 dias. Além de Porto e Lisboa, o candidato precisa olhar para o interior.

— Sendo que a maior parte destas vagas ainda está com processo seletivo aberto — informou Pinheiro, que ressaltou:

— Acredito que a procura por este novo visto será grande, mas gostaria de ressaltar a importância de um bom planejamento para a mudança, principalmente de reserva financeira e preparo profissional para concorrer às vagas.

Portugal vive uma crise de mão de obra há anos, agravada pelo envelhecimento da população, saída de profissionais qualificados para outros países e política generalizada de pagamento de baixos salários, desvalorizados diante da escalada da inflação. Porém, o país ainda tem custo de vida acessível em comparação aos gigantes europeus.

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